Educação

Por que tirei meus filhos da escola

Outro dia um conhecido comentou “soube que seus filhos não vão para a escola” e ao acenar afirmativamente a ele, fui inquirido: “Do que você tem medo?”. Respondi breve e praticamente – na língua que pais adoradores de notas elevadas e carreiristas entendem – “Não se trata de medo, mas de resultado”.

“Não se trata de medo, mas de resultado”.

Minha devolutiva certamente criou ressonância quanto ao objetivo, mas nenhuma lógica quanto a ação, afinal, “quem pode oferecer mais resultado em educação do que a escola?”. Eis o problema: damos significados diferentes para as mesmas palavras, algo comum em países com analfabetismos funcional elevado.

Os brasileiros confundem resultado em educação com ascensão social. A pátria definha ao promover ricos ignorantes enquanto humilha os cultos modestos. Você preferiria ter um país repleto de Sócrates, Camões e Teslas ou de Rockfeller’s e outros meta-capitalistas não apreciadores de concorrência? O dinheiro pode comprar sexo, hospitais e casas, mas não o amor, a saúde ou lar. Diga-me onde está o seu tesouro e te direi onde está seu coração. Por que o essencial não é tão importante quanto o fundamental? Estamos criando pessoas para entrar numa competição monetária ou humanos de espírito mais elevado? Lembre-se: “Educar é fazer com que a pessoa aprenda a gostar e desgostar do que é certo gostar e desgostar”. Faça o teste: quantas crianças e adolescentes você conhece que gostam de ler? Pais educam. Escola escolariza.

Comparemos resultado em educação com resultado em saúde. Supondo que seu filho esteja adoecido, você permitiria que ele fosse atendido num hospital de quinta categoria, ou melhor, cuja posição mundial seja 116º, 214º e 358° e no qual os profissionais se enquadrem entre os piores – 57º de 79º? Esses números representam respectivamente as posições da USP, UNICAMP e UFRJ e o dado seguinte representa a nota do PISA, isto é, o “ENEM” mundial. Quando pararemos de celebrar a mediocridade? Quando desistiremos de ter derrotas com sabor de vitória? Já dizia o professor Olavo de Carvalho: “Inteligência, ao contrário do dinheiro e da saúde, tem esta peculiaridade: quanto mais você a perde, menos dá pela falta dela”. Só os idiotas querem ser os primeiros dentre os últimos.

Seu filho pode não estar doente, mas o órgão estatal de ensino está. O problema é agudo e crônico. O diagnóstico é sabido: o câncer mascarado de sócio construtivismo por décadas como espinha dorsal pedagógica – ainda que a tese seja rejeitada pela maioria dos agentes de mudança, os profissionais da educação. Se o paciente acha que não está doente, como, pois, buscaria uma cura? Não seriam essas pessoas as mais habilitadas a questionar quaisquer resultados insatisfatórios? Não são esses que treinam as crianças e jovens para mudar o mundo e elevar a régua? Por que são complacentes? Poucos respondem.

E a cura? Uma vez que o órgão do sistema educacional é um conjunto de tecidos escolares que por sua vez é formado por uma gama de células familiares, podemos usar um remédio caseiro para tratar: a educação domiciliar – ou homeschooling. Mas cuidado, esse medicamento natural pode trazer efeitos colaterais como hipo orçamento familiar (visto que um dos pais irá se dedicar à educação dos filhos) e hipertensão com colegas ignorantes. Cuidado com os “Especialistas” – muito bem pagos pela “indústria farmacêutica” – que dizem a você o grau de sua competência para cuidar de seu próprio filho. Para eles só o medicamento industrializado é bom, o caseiro é placebo. Estes esquecem que há um ingrediente secreto na família que não pode ser fabricado por ninguém: o amor de pai e mãe.

Já posso ouvir os conselheiros pessoais alertando aos pais: “E a sociabilização? Só amor não basta, você terá conhecimento suficiente para ensinar?” Enfim, voltemos ao início: estamos dando o mesmo significado para palavras diferentes? Vamos pegar esses dois exemplos: (i) socialização e (ii) capacidade para ensinar.

(i) Pergunto: socializar significa deixar o jovem ou criança em sala de aula durante horas, proibido de falar com amigos, com intervalos curtos de minutos, nos quais interagem com 3 ou 4 amiguinhos, passivo de toda sorte de desrespeito, bullying de alunos de outras classes e idades? A meu ver, socializar é estar com quem se quer estar, é falar livremente, respeitosamente. Isso ocorre na igreja, na vizinhança, na rua, nas festas, com familiares, a qualquer hora e lugar. Se não estiver gostando da missa, culto, reunião dominical ou da conversa com o vizinho você pode se levantar e sair, mas e na escola? Você aprende a socializar ou obedecer sem questionar? (ii) E a questão da competência? Você pai ou mãe precisa ter em mente apenas uma habilidade, e será a mesma que desenvolverá em seus filhos: aprender a aprender. Você não sabe tudo, mas não se preocupe, qual professor ou escola sabe? Se você tiver vontade suficiente de aprender para liberar o caminho para que os seus aprendam, você irá se superar, sabe por quê? Você tem o ingrediente secreto.

Jamais confunda reclusão com ensino domiciliar. Nesta época de COVID-19, comparar o ensino domiciliar com a obrigatoriedade de ficar em casa é como dizer que uma pessoa ficou presa na biblioteca o mês todo e saiu de lá tão ignorante quanto entrou. Os recursos certos sem a atitude correta não resolve. O desespero de alguns pais neste período revela o que o sistema faz com a capacidade natural de educar: desqualifica. Alguns pais optam por trabalhar para conseguir os recursos para os filhos estudarem em boas escolas. Se você permite que seus filhos fiquem mais tempo com outros do que contigo, eles estão no seu barco ou no de Teseu?

Quem pode oferecer mais resultado em educação do que a escola? Os pais podem e devem. O sistema educacional mais eficiente é o individual e neste quesito a escola nunca conseguirá atuar com a eficácia de um pai ou mãe. O homeschooling não é para todos, apenas para aqueles entendidos de que a educação dos filhos é algo mais que humano, é mais que prepará-los para sobreviver no mundo, é algo divino, é treiná-los para estar no mundo sem ser do mundo.

Eu não estava satisfeito com os resultados e por isso tirei meus filhos da escola. Minha experiência com eles tem sido indescritível. Se você se interessa por educação domiciliar, lembre-se: o perfeito amor lança fora todo medo. Existem outras células com o mesmo objetivo, una-se a elas. Seus resultados serão superiores. Seus filhos aprenderão a aprender, mais que isso, irão gostar do que é certo gostar. O homeschooling é mais que o medicamento caseiro feito por pedagogos de certificação divina, é a vacina anti-doutrinação para um mundo cada vez mais rico do que menos importa e pobre do que mais importa.

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